sábado, 17 de março de 2012

Sabedoria indigena

 



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A desconstrução da liberdade

Sem dúvida a liberdade é característica essencial do Ser humano. Em Ontologia dizemos que ela está na origem do Sujeito que se apresenta para o mundo. Tal apresentação – o lançar-se no mundo – acontece através da intencionalidade da consciência, que obedece, por si mesma, à necessidade de auto-realização do Sujeito.
Contudo, apesar de estar na origem do Sujeito, a liberdade vive em constante ambiguidade de sentido. Esta contradição é claramente demonstrada na manifestação de um grupo estudantil na Universidade de São Paulo. O grupo, que se diz parte do Movimento Estudantil, acredita atuar no contexto político-educacional por vontade própria, mas se revela manipulado por ideais velados e disfarçados. Particularmente penso neste grupo como sendo desprovido de uma consciência crítica – ora, não basta ser um estudante crítico, é preciso ter crítica consciente – que aparenta uma atuação engajada (militância política), porém não passa de uma postura festiva e muito pouco fundamentada. O que ocorre neste caso é o clamor de uma consciência alienada que se projeta exteriormente de forma intempestiva e desordenada. Este grupo, claramente minoritário dentro da USP, demonstrou a mobilidade ideal dos estudantes, entretanto o fez pelos motivos errados.
Há algum tempo não vejo manifestações em defesa da educação (decente, ética e igualitária) ou contra o sucateamento dos espaços físicos das Universidades, principalmente as bibliotecas universitárias que estão uma vergonha. Evidentemente defender a liberdade – que é direito constitucional – é condizente com o papel dos estudantes, contudo, os próprios estudantes que defendem a liberdade excluem a vontade da grande maioria, por exemplo na continuidade da Polícia Militar no Campus da USP. Quando refletimos e defendemos a importância da opinião das minorias, não estamos dando carta branca para que suas idéias sejam impostas para toda a sociedade (no caso a comunidade universitária). É preciso ter discernimento e respeitar o principal fundamento de um Estado de Direito: a democracia.
Hoje o Movimento Estudantil, em parte, vive num deprimente saudosismo do Regime Militar. Assegurar o cumprimento da Lei é repressão, ditadura ou perseguição dos ideais libertários. Uma cena ridícula da USP foi aquela na qual um estudante corre para cima dos policiais e retira de dentro da bolsa um exemplar do Manifesto Comunista, expondo-o como se estivesse sendo apreendido por motivações políticas, o que não é verdade. Este saudosismo revela a inconsciente submissão, passividade e subserviência dos estudantes, o que os tornam objetos de um mecanismo alienante. Outro fato vergonhoso para toda a sociedade foi um vídeo divulgado pela Rede Record, no qual, em uma assembléia no Campus, uma estudante esbraveja a favor do uso da maconha, justificando que ela não mata. Ora, acredito veementemente que estes alunos da área de humanas necessitam urgentemente realizar estudos de campo e estágios nas periferias das grandes cidades. O uso da maconha pode não matar, mas sua comercialização – que é proibida no Brasil – fortalece ainda mais o tráfico de drogas, que mata, sim, milhares de pessoas, principalmente, adolescentes e jovens. Enquanto estes “burguesinhos” comunistas e anarquistas se drogam nos bares e Universidades, centenas de adolescentes são recrutados diariamente pelo crime organizado para que essas drogas cheguem até seu destino. Uma cruel constatação é que grande parte das biqueiras é gerenciada por jovens.
Sim, as Universidades devem ser espaços livres e democráticos, o que é garantido na Constituição Federal em seus artigos 206 e 207, mas para a divulgação do pensamento, da arte e do conhecimento, não para o desrespeito às Leis e às Instituições. As mesmas regras aplicadas no estado e municípios também devem ser respeitadas no interior das Universidades, uma vez que elas não se constituem como “vácuos” da sociedade.
Ontologicamente, o desvelar da liberdade é um caminhar que vai da dúvida à experiência. O Sujeito não conquista a liberdade individualmente, mas participa dessa experiência em comunhão com o Todo. É a intersubjetividade compromissada e livre que leva o Sujeito ao encontro do Ser-político. Algo para se aprender de toda a história da luta pela democracia é que nem sempre a minha vontade será a vontade que deverá prevalecer.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"


Dizem que Finjo ou Minto

Dizem que finjo ou minto 
Tudo que escrevo. Não. 
Eu simplesmente sinto 
Com a imaginação. 
Não uso o coração. 

Tudo o que sonho ou passo, 
O que me falha ou finda, 
É como que um terraço 
Sobre outra coisa ainda. 
Essa coisa é que é linda. 

Por isso escrevo em meio 
Do que não está ao pé, 
Livre do meu enleio, 
Sério do que não é, 
Sentir, sinta quem lê! 


Clarice Lispector


"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. "





Viver em sociedade é um desafio porque às vezes ficamos presos a determinadas normas que nos obrigam a seguir regras limitadoras do nosso ser ou do nosso não-ser... 

Quero dizer com isso que nós temos, no mínimo, duas personalidades: a objetiva, que todos ao nosso redor conhece; e a subjetiva... Em alguns momentos, esta se mostra tão misteriosa que se perguntarmos - Quem somos? Não saberemos dizer ao certo!!!

Agora de uma coisa eu tenho certeza: sempre devemos ser autênticos, as pessoas precisam nos aceitar pelo que somos e não pelo que parecemos ser... Aqui reside o eterno conflito da aparência x essência. E você... O que pensa disso? 

Que desafio, hein?
"... Nunca sofra por não ser uma coisa ou por sê-la..." 

Clarice Lispector - Perto do Coração Selvagem, p.55.

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