quarta-feira, 23 de março de 2011

O Efeito da Afirmação e Repetição





Efeito da Afirmação e Repetição






“A afirmação e a repetição são agentes muito poderosos pelos quais são criadas e propagadas as opiniões. A educação é, em parte, baseada neles. Os políticos e os agitadores de toda a natureza fazem disso um uso quotidiano. Afirmar, depois repetir, representa mesmo o fundo principal dos seus discursos.




A afirmação não precisa de se apoiar numa prova racional qualquer: deve, simplesmente, ser curta e enérgica, e cumpre que impressione. Pode-se considerar como tipo dessas três qualidades o manifesto seguinte, recentemente reproduzido em vários jornais:

Quem produziu o trigo, isto é, o pão para todos? O camponês!
Quem faz brotar a aveia, a cevada, todos os cereais? O camponês!
Quem cria o gado para dar a carne? O camponês!
Quem cria o carneiro para proporcionar a lã? O camponês!
Quem produz o vinho, a cidra, etc.? O camponês!
Quem nutre a caça? O camponês!

E, entretanto, quem come o melhor pão, a melhor carne?
Quem usa as mais belas roupas?
Quem bebe o bordeaux e o champagne?
Quem se aproveita da caça?
O burguês!!
Quem se diverte e repousa à vontade?
Quem tem todos os prazeres?
Quem faz viagens de recreio?
Quem se coloca à sombra no estio e no inverno junto a um bom fogo? O burguês!!
Quem se nutre mal?
Quem raramente bebe vinho?
Quem trabalha sem cessar?
Quem se queima no verão e gela no inverno?
Quem padece muitas misérias e tem pesados trabalhos?
O camponês!

Suficientemente repetida, a afirmação acaba por criar, primeiramente, uma opinião e, mais tarde, uma crença. 

A repetição é o complemento necessário da afirmação. Repetir muitas vezes uma palavra, uma idéia, uma fórmula, é transformá-las fatalmente em crença. Do fundador da religião ao negociante, todos os homens que procuram persuadir a outros têm empregado esse processo.

O seu poder é tal que se acaba por crer nas próprias palavras assim repetidas e por aceitar as opiniões que habitualmente se exprime.


Crédito: Projeto Saber
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terça-feira, 22 de março de 2011

DIVÓRCIO E SEPARAÇÕES CONJUGAIS


O divórcio, quando ocorre, ou quando sua possibilidade se torna real na vida dos casados, é uma das mais importantes crises da vida do adulto.
No casamento, ambos os parceiros mudam ou evoluem com os anos, geralmente em diferentes ritmos, e não necessariamente em direções complementares, podendo surgir a necessidade de separação.
Assim, diante de um casamento não satisfatório, começam a surgir inúmeros problemas no convívio e no relacionamento, que chamaremos aqui de desajustes conjugais. Ocorrendo a separação, ambos os ex-parceiros , independente de quem tenha tomado a iniciativa, passam por um período de sofrimento em decorrência da perda da relação, por pior que essa estivesse no período imediatamente anterior ao divórcio.
Falaremos aqui em divórcio como sinônimo de separação de corpos e de domicílios, independente do tipo de casamento, seja civil, religioso ou consensual (amigável).

UMA MAIOR ACEITAÇÃO DO DIVÓRCIO

A maior facilidade legal para o divórcio e a diminuição da influência da religião com dogmas rígidos tornaram a separação um acontecimento mais aceitável, com as pessoas separadas sofrendo menor preconceito que no passado.
Uma mostra disso é o fato de no Brasil desde 1940 até 1990 , segundo o IBGE, o percentual de pessoas divorciadas, na população em geral, aumentou aproximadamente 15 vezes. Outro aspecto que contribuiu foi a busca mais acentuada pelo bem-estar individual, através da maior oferta de prazer (real ou ilusória) na sociedade atual para aqueles que abrem mão da vida a dois.
COMO SE PERPETUAM RELAÇÕES DESAJUSTADAS NO CASAMENTO

Em um casamento, quando ocorre um desajuste conjugal, a responsabilidade pelo problema é de ambos os cônjuges, mesmo que aparentemente a situação aponte para um único responsável.
Isso porque ocorre o que pode ser chamado de acordo inconsciente entre os dois no casamento, isto é : um problema que aparentemente é de apenas um dos cônjuges, é, em geral, compartilhado ou até mesmo aceito pelo outro.
Assim, uma pessoa ao se casar ou manter-se casada o faz pelas virtudes do parceiro ou da própria união. Porém, com as virtudes, aparecem as diferenças e até mesmo os problemas.
Questões sócio-culturais também são muito importantes na manutenção de casamentos muito desajustados, principalmente em culturas e classes sociais em que a mulher (ou o homem) tem uma educação rígida em relação ao casamento, não tendo uma vida pessoal própria, independente, mesmo profissionalmente, em que o casamento e a maternidade são vistos como meio de vida, muitas vezes por necessidade e não como opção.
Além disso, muitos casamentos mantêm-se pela extrema dependência afetiva dos cônjuges um do outro, que faz com que desajustes intensos no casamento sejam tolerados, de modo que a tristeza pela perda do casamento seja intensa ou até insuportável, não permitindo uma separação mesmo que os problemas conjugais sejam vários.

Créditos:  ABC SAÚDE e da sua equipe de 
COLABORADORAS:




REPRODUÇÃO - site Psiquiatria e Toxicodependência

http://draft.blogger.com/

Psiquiatria e Toxicodependência

Todos vivemos no sótão

Tuesday, 23 February 2010

Este post é dedicado a Exhamia, que disse trancar-se no sótão voluntariamente (videJane Eyre e a loucura). Muitos posts hoje! Este um bocado autobiográfico.
Sempre achei que todos somos casas com muitos quartos vazios. E um sótão, onde trancamos a louca, ou os impulsos de todos nós. Entendo sua necessidade de solidão e de afastar-se de tudo. A solidão pode ser muito terapêutica. Quando mudei para Portugal, embora trabalhasse e estudasse, não conhecia ninguem. A única companhia que tive, por meses a fio, para tomar um café, para passear comigo, era eu mesma. E assim, tive que abrir as temerosas portas ruidosas dos quartos da "minha casa", retirar os lençois que cobriam os móveis... Abrir os armários e enfrentar os esqueletos que lá se escondiam foi o mais difícil. Tive que lidar com eles um por um. Aprendi a tê-los por companhia. Não mais saía sozinha para tomar café. Meus medos e culpas me acompanhavam agora não como sombras mas como amigos que me fortaleciam. Não precisava mais me esconder no canto do café, tímida e com medo de estar sendo analisada. Hoje digo que eles se sentam comigo à mesa e debatemos longamente. Aprendi a apreciar a solidão e às vezes até mesmo a ansiar por ela. Quando finalmente tive companhia física para tomar um café, não havia mais aquela "necessidade" de alguém. Eu satisfazia a mim mesma. E os que passaram a me acompanhar a partir de então enriqueciam meu colorido mundo interno.

Encontrei este poema de Judah Emanuel que diz respeito ao assunto:

Os Dias ( Ou memórias de um quarto vazio )

Entre dias cinzas eu pairo
riscando sorrisos amargos ao nada
desenhando lágrimas
nos braços da solidão
esboço memórias passadas
em palavras tristes
Mais entre palavras e sonhos
ouso gritar para o vão
pra o só
ser só mais fraco então
pra esse sorriso
ser amargo mais não
nele cabe um mundo
cantando sempre riso
o vivo
e o motivo
de ser feliz
e à solidão cabe o tempo
destroçar
derrubar e derrotar
e bate ao peito o calor
reclamar à si felicidade
sem temor
e o dia se faz azul
nem estás só assim.

PS: Só não confunda solidão com auto-isolamento. O isolamento social leva à depressão e não faz bem à ninguem. Isolamento quer dizer não querer ver ninguém na maior parte do tempo, ao invés de sentir-se sozinha (como ocorre na solidão).

Foto: http://rtmulcahy.files.wordpress.com/2007/05/empty-house.jpg
Posted by Vanessa Marsden at 09:07

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