quarta-feira, 16 de maio de 2012
terça-feira, 15 de maio de 2012
Édipo, o complexo
Complexo de Édipo
Trabalho realizado pelas acadêmicas, Bruna Stefanes Ribeiro, Jessica Leitempergher, Joyce Belli e Scheila Demarchi, do terceiro semestre de Psicologia da Uniasselvi.
a) Psicologia Hospitalar e o Complexo de Édipo
A Psicologia Hospitalar ajuda o paciente não só na questão psicológica, mas sim também com a questão físico, emocional. O Psicólogo Hospitalar promove intervenções em várias relações no qual o paciente se insere, como médico/paciente, família/paciente, paciente/paciente. Como também na questão do paciente e sua relação com o processo de adoecer e hospitalização e observar as manifestações emocionais e psíquicas que emergem diante desta situação.
Agora pensamos na relação da Psicologia Hospitalar com o que o Nasio nos trás em seu livro, Édipo: o complexo que nenhuma criança escapa, podemos trazer a questão das doenças da fase adulta, das fobias, histerias, anorexia em fim as chamadas neuroses que são doenças que se desencadeiam através do complexo de Édipo. Por exemplo, o livro traz a questão do abandono real ou imaginário na infância que na fase adulta se resulta em uma fobia, então esse paciente junto com seus familiares poderia ter um acompanhamento de um psicólogo hospitalar.
b) um breve resumo sobre, Édipo: o complexo que nenhuma criança escapa.
O Édipo nada mais é do que desejo sexual inconsciente pelo seus pais, sem mesmo entender eles passam de pais os “exemplos”e se tornam parceiros sexuais, e a todo momento buscam a satisfação de si mesmo, gerada por essa descoberta do falo, e conseqüentemente todas essas fantasias inconscientes criadas por eles mesmos..O Édipo bem como uma criança de 4 anos é o resultado de uma experiência onde a tentativa de controlar seu desejo sexual, quase incontrolável por ser inconsciente, onde a menina tenta afastar o pai da mãe para poder ficar com ele e o menino afastar o pai, e desta forma a todo momento procuram se socializar, assim como aprendemos a viver em sociedade e desta forma os pais como os principais alvos.Durante esse periodo o menino foca todo esse prazer sobre pênis, e toda atenção é voltada para ele, e ao olhar sua mãe, com roupas onde mostrem o corpo ou até mesmo a criança tendo atitudes como morder a mãe a irmã, resulta nas fantasias criadas no inconsciente, se tornando então parte de um incesto.Sendo assim a criança a partir dos resultado disso tudo, tanto da forma como os pais lidam com isso, suas atitudes perante seus filhos, interfere nas características da identidade sexual das crianças.E ao contrário do menino, a menina primeiramente busca a mãe, quer se parecer com ela, por ser diferente do menino, pois seu falo ao contrário dele é a imagem de si e ao perceber isso se sente lesada.E então a abandona para atrair a atenção sexual de seu pai, que ao ser rejeitada o pai passa de objeto de desejo para um exemplo, ela passa querer ser igual a ele.E ambos, tanto na menina como no menino acontece a sexualização e a dessesualização.
Dentro de tudo isso, e com o resultado podemos tirar uma conclusão de como é formada a sexualidade de um homem e uma mulher.
O Édipo é uma realidade e uma fantasia ao mesmo tempo, mas é concebido com uma fantasia inconsciente sendo esse o conceito mais crucial da psicanálise.
O livro também trata da questão do “Édipo invertido” porque até então o menino se volta para a mãe como parceira sexual e para o pai como rival, no caso da inversão o menino se volta para o pai como seu parceiro. O Édipo do menino é permitido se entender por três atos. Primeiro é que aos olhos de uma criança, todos habitantes do planeta, seja homem ou mulher, todos são portadores do Falo, ou seja, o pênis. Falo é um nome fantasia que se da ao pênis que é um símbolo que representa o poder. Na menina como não se tem o pênis, a base do seu Falo são as sensações erógenas que provem dos seus órgãos genitais. Segundo é que o menino estabelece uma relação afetiva com o pai, porque ele é um modelo a ser seguido e terceiro é que ele tem o pai como seu rival porque o pai lhe impede de possui a sua mãe, alem de que ele vive sob angustia de castração, porque um dia ele descobre em um corpo feminino a ausência do Falo, que, no entanto para ele todos era portadores deste. Então vem a duvida, se um dia ela teve e perdeu, isso significa que eu também posso perder o meu. No Édipo invertido o terceiro ato se consiste uma posição feminina do menino em relação ao pai.
Na menina o Falo é representado pelo seio da mãe, que no desmame passa a ser sua rival por ter privado ela do prazer de mamar. Quando ela descobre que não possui o Falo passa a invejá-lo e questionar a mãe por não ter lhe contado antes que ela não possuía essa potencia que o pênis representava.
Na idade adulta o retorno do Édipo é representado pela neurose ordinária que é o conflito com as criaturas que amamos e a neurose mórbida que se manifesta pela fobia, histeria e obsessão.
J. -D. NASIO. Édipo: o complexo que nenhuma criança escapa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007
c) a importância do glossário
Sabe quando você lê um livro na qual existem muitas palavras que lhe despertam a curiosidade de saber o que é até mesmo porque talvez você já ouviu falar delas, mas não no mesmo sentido que o livro Édipo: o complexo que nenhuma criança escapa traz para nós leitores. Então é por isso que nós lhe convidamos para entender um pouco melhor sobre esses termos psicanalíticos. E se puder ler o livro, com certeza fará um ótimo exercício a sua mente.
d) Glossário
Castração: “Em psicanálise, o conceito de “castração” não corresponde á acepção habitual de mutilação dos órgãos sexuais masculinos, mas designa uma experiência psíquica completa, inconscientemente vivida pela criança por volta dos cinco anos de idade, e decisiva para a assunção de sua futura identidade sexual.”
(J.-D. Nasio, 1997; p. 33)
Édipo: Para a psicanálise, o Édipo é a experiência vivida por uma criança de cerca de quatro anos que, absorvida por um desejo sexual incontrolável, tem de aprender a limitar, aos limites de sua consciência nascente, aos limites de seu medo e, finalmente, aos limites de uma lei tácita que lhe ordena que pare de tomar seus pais por objetos sexuais.
(NASIO, 2007, p. 12).
Erógeno: adj.(alem.:erogen;fr.:érogéne;ing.:erotogenic)
Diz-se de qualquer parte do corpo suscetível de manifestar uma excitação de tipo sexual. Para a psicanálise,a noção de zona erógena traduz o fato de que as pulsões parciais podem investir qualquer lugar do corpo.
(CHEMAMA. Roland, 1995, Pág:57).
Fálica: (fase) (alem.:phallische stufe (ou Phase);fr.:stade phallique;ing.:phallic stage (ou phase).Fase da sexualidade infantil,entre os 3 e os 6 anos,na qual,em ambos os sexos,as pulsões se organizam ao redor do falo.
Todavia,é verdade que o falo possui,como significante,um papel determinante para o sujeito,desde o início da vida, o que pode fazer com que se hesite em isolar uma fase fálica,enquanto tal.
(CHEMAMA. Roland, 1995, Pág.68).
Falo: o Falo não é o pênis enquanto órgão. O Falo é um pênis fantasiado, idealizado, símbolo da onipotência e de seu avesso, a vulnerabilidade.
(NASIO, 2007, p. 22).
Gozo: “Diferentes relações com a satisfação que um sujeito desejante e falante pode esperar e experimentar, no uso de um objeto desejado.”
(Roland Chemama, 1995; p. 90)
Histeria: s.f. (alem.: Hysterie; fr.: hystérie; ing.: hysteria). Neurose caracterizada pelo polimorfismo de suas manifestações clínicas.
A fobia, chamada algumas vezes de histeria de angústia, deve ser diferenciada da histeria de conversão. Essa última se distingue, classicamente, pela intensidade das crises emocionais e pela diversidade dos efeitos somáticos, que colocam em cheque a Medicina. A psicanálise contemporânea destaca a estrutura histeria do aparelho psíquico, engendrada por um discurso, dando lugar a uma economia e também a uma ética propriamente histérica.
(CHEMANA. Roland, 1995, Pág: 95 e 96).
Incesto: Relações sexuais entre parentes próximos ou afins, cujo casamento é proibido pela lei;por exemplo pai e filha,mãe e filho,irmão e irmã,tio e sobrinha,tia e sobrinho.
(CHEMAMA.Roland, 1995,Pág.105 e 106).
Masoquismo: Al.Masochismus; esp. Masoquismo; fr. Masochisme; ing. msochism.
Termo criado pro Richard von Krafft-Ebing * em 1986, e cunhado a partir do nome do escritor austríaco Leopold von Sacher-Masoch (1835-1895), para designar uma perversão* sexual – fustigação, flagelação, humilhação física e moral – em que a satisfação provém do sofrimento vivido e expresso pelo sijeito* em estado de humilhação.
( ROUDUNESCO. Elizabeth e PLON. Michel,1998, Pág: 500 e 501).
Metapsicologia: s.f.(alem.:Metapsychologie;fr.:métapsychologie;ing.:metapsycology)
Parte da doutrina freudiana considerada como a que deve esclarecer a experiência,a partir de princípios gerais,muitas vezes constituídos como hipóteses necessárias,em vez de sistematizações a partir de observações empíricas.
Se a obra de Freud atribui sua maior parte à abordagem clínica,se partiu do tratamento,e em particular do tratamento dos histéricos,não obstante logo teve a idéia de que seria absolutamente indispensável elaborar um certo número de hipóteses,de conceitos fundamentais,de “princípios”,sem os quais a realidade clínica seria incompreensível.Essas hipóteses se referem,em especial,à um aparelho psíquico dividido em instancias,a teoria do recalcamento,a das pulsões,etc.
Aliás,Freud tinha o projeto,que não conseguiu realizar por completo,de dedicar à metapsicologia uma grande obra.Seria nesse livro que se poderia falar de metapsicologia,sempre que se conseguisse descrever um processo em seus três registros,dinâmico*,tópico* e econômico*.
(CHEMAMA.Roland,1995,Pág:136).
Narcisismo: Amor que o sujeito atribui a um sujeito muito particular: a si mesmo.
(Chamama, 1995, p. 139)
Neurose: “É um sofrimento psíquico provocado pela coexistência de sentimentos contraditórios de amor, ódio, medo e desejos incestuosos para com quem se ama e de quem se depende.”
(NASIO, 2007,p.93)
Supereu: s.m. (alem.: Uber-Ich; fr.: surmoi;ing.:superego). Instância da nossa personalidade psíquica, cujo papel é de julgar o eu.
O termo “supereu” foi introduzido pro Freud, em 1923, em O ego e o id. O Supereu é a grande inovação da segunda tópica. Em novas conferências introdutórias spbre psicanálise (1933), Freud fornece dela esta descrição: “ Quis fazer um ato capaz de me satisfazer, me renunciei a ele, devido a oposição da minha consciência. Ou, ainda, cedi a um grande desejo; e, por sentir uma grande alegria, cometi um ato que minha consciência reprova; uma vez realizado o ato, minha consciência provoca, por suas censuras, o arrependimento [...]”. O supereu, que inibe nossos atos ou que provoca remorsos, é “ a instância judiciária de nosso psiquismo”. Portanto, está no centro da questão moral.
(CHEMANA. Roland,1995, Pág:210).
e) referencias
CHEMAMA, R. Dicionário de Psicanálise. 1. Ed. Porto Alegre. Artmed, 1995. 240p.
J. -D. NASIO. Édipo: o complexo que nenhuma criança escapa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007
ROUDINESCO, E ; PLON, M. Dicionário de Psicanálise. 1. Ed. Rio de Janeiro. Jorge Zahar,1998. 874p.
domingo, 13 de maio de 2012
Mário Benedetti
Mário Benedetti é o autor de um texto intitulado "DA GENTE QUE EU GOSTO", que deve ser lido com atenção e daí retirar as ilações devidas. Cumpre-me partilhar o texto pois vale a pena pensar nisto:
DA GENTE QUE EU GOSTO.
Eu gosto de gente que vibra, que não tem de ser empurrada, que não tem de dizer que faça as coisas, mas que sabe o que tem que fazer e que faz. A gente que cultiva sues sonhos até que esses sonhos se apoderam de sua própria realidade.
Eu gosto de gente com capacidade para assumir as conseqüências de suas ações, de gente que arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, que se permite, abandona os conselhos sensatos deixando as soluções nas mãos de Deus.
Eu gosto de gente que é justa com sua gente e consigo mesma, da gente que agradece o novo dia, as coisas boas que existem em sua vida, que vive cada hora com bom animo dando o melhor de si, agradecido de estar vivo, de poder distribuir sorrisos, de oferecer suas mãos e ajudar generosamente sem esperar nada em troca.
Eu gosto da gente capaz de me criticar construtivamente e de frente, mas sem me lastimar ou me ferir. Da gente que tem tato. Gosto da gente que possui sentido de justiça. A estes chamo de meus amigos.
Eu gosto da gente que sabe a importância da alegria e a pratica. Da gente que por meio de piadas nos ensina a conceber a vida com humor. Da gente que nunca deixa de ser animada.
Eu gosto de gente sincera e franca, capaz de se opor com argumentos razoáveis a qualquer decisão.
Gosto de gente fiel e persistente, que no descansa quando se trata de alcançar objetivos e idéias.
Eu gosto da gente de critério, a que não se envergonha em reconhecer que se equivocou ou que não sabe algo. De gente que, ao aceitar seus erros, se esforça genuinamente por não voltar a cometê-los. De gente que luta contra adversidades. Gosto de gente que busca soluções.
Eu gosto da gente que pensa e medita internamente. De gente que valoriza seus semelhantes, não por um estereotipo social, nem como se apresentam. De gente que não julga, nem deixa que outros julguem. Gosta de gente que tem personalidade.
Eu gosto da gente que é capaz de entender que o maior erro do ser humano é tentar arrancar da cabeça aquilo que não sai do coração.
A sensibilidade, a coragem, a solidariedade, a bondade, o respeito, a tranqüilidade, os valores, a alegria, a humildade, a fé, a felicidade, o tato, a confiança, a esperança, o agradecimento, a sabedoria, os sonhos, o arrependimento, e o amor para com os demais e consigo próprio são coisas fundamentais para se chamar GENTE.
Com gente como essa, me comprometo, para o que seja, pelo resto de minha vida... já que, por tê-los junto de mim, me dou por bem retribuído.
Impossível ganhar sem saber perder.
Impossível andar sem saber cair.
Impossível acertar sem saber errar.
Impossível viver sem saber reviver.
A glória não consiste em não cair nunca, mas em levantar-se todas as vezes que seja necessário.
E ISSO É ALGO QUE MUITO POUCA GENTE TEM O PRIVILEGIO DE PODER EXPERIMENTAR.
Bem aventurados aqueles que já conseguiram receber com a mesma naturalidade o ganhar e o perder, o acerto e o erro, o triunfo e a derrota...
Crédito: Observatório Baliense
Publicada por Pela verdade e pela justiça em Leça do Balio
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Friedrich Nietzsche, in "Crepúsculo dos Ídolos"
Moral para Psicólogos
Não cultivar uma psicologia de bisbilhoteiro! Nunca observar só por observar! Isso provoca uma óptica falsa, uma perspectiva vesga, algo que resulta forçado e que exagera as coisas. O ter experiências, quando é um querer-ter-experiências, - não resulta bem. Na experiência não é lícito olhar para si mesmo, todo o olhar
se converte então num «mau-olhado». Um psicólogo nato guarda-se, por instinto, de ver por ver; o mesmo se pode dizer do pintor nato. Este não trabalha jamais «segundo a natureza», encomenda ao seu instinto, à sua câmara escura o crivar e exprimir o «caso», a «natureza», o «vivido»... Até à sua consciência chega só o
universal, a conclusão, o resultado: não conhece esse arbitrário abstrair do caso individual. — Que é que resulta quando se procede de outro modo? Quando se cultiva, por exemplo, uma psicologia de bisbilhoteiro, à maneira dos romanciers parisienses, grandes e pequenos? Essa gente anda, por assim dizê-lo, à espreita da realidade, essa gente leva para casa cada noite um punhado de curiosidades... Porém veja-se o que acaba por sair daí — um montão de borrões, um mosaico no melhor dos casos, e de qualquer forma algo que é o resultado da soma de várias coisas, algo turbulento, de cores berrantes. O pior aqui conseguem-no os Goncourt: não juntam três frases que não causem simplesmente dano à vista, à vista do psicólogo. — A natureza, avaliada artisticamente, não é um modelo. Ela exagera, deforma, deixa vazios. A natureza é o acaso. O estudo «segundo a natureza» parece-me um mau sinal: denuncia submissão, debilidade, fatalismo, — esse jazer-no-pó ante os petits faits é indigno de um artista inteiro. Ver o que é — isso é próprio de um género distinto de espíritos, dos antiartísticos, dos homens de factos. Há que saber quem se é...
segunda-feira, 7 de maio de 2012
sábado, 17 de março de 2012
A desconstrução da liberdade
Sem dúvida a liberdade é característica essencial do Ser humano. Em Ontologia dizemos que ela está na origem do Sujeito que se apresenta para o mundo. Tal apresentação – o lançar-se no mundo – acontece através da intencionalidade da consciência, que obedece, por si mesma, à necessidade de auto-realização do Sujeito.
Contudo, apesar de estar na origem do Sujeito, a liberdade vive em constante ambiguidade de sentido. Esta contradição é claramente demonstrada na manifestação de um grupo estudantil na Universidade de São Paulo. O grupo, que se diz parte do Movimento Estudantil, acredita atuar no contexto político-educacional por vontade própria, mas se revela manipulado por ideais velados e disfarçados. Particularmente penso neste grupo como sendo desprovido de uma consciência crítica – ora, não basta ser um estudante crítico, é preciso ter crítica consciente – que aparenta uma atuação engajada (militância política), porém não passa de uma postura festiva e muito pouco fundamentada. O que ocorre neste caso é o clamor de uma consciência alienada que se projeta exteriormente de forma intempestiva e desordenada. Este grupo, claramente minoritário dentro da USP, demonstrou a mobilidade ideal dos estudantes, entretanto o fez pelos motivos errados.
Há algum tempo não vejo manifestações em defesa da educação (decente, ética e igualitária) ou contra o sucateamento dos espaços físicos das Universidades, principalmente as bibliotecas universitárias que estão uma vergonha. Evidentemente defender a liberdade – que é direito constitucional – é condizente com o papel dos estudantes, contudo, os próprios estudantes que defendem a liberdade excluem a vontade da grande maioria, por exemplo na continuidade da Polícia Militar no Campus da USP. Quando refletimos e defendemos a importância da opinião das minorias, não estamos dando carta branca para que suas idéias sejam impostas para toda a sociedade (no caso a comunidade universitária). É preciso ter discernimento e respeitar o principal fundamento de um Estado de Direito: a democracia.
Hoje o Movimento Estudantil, em parte, vive num deprimente saudosismo do Regime Militar. Assegurar o cumprimento da Lei é repressão, ditadura ou perseguição dos ideais libertários. Uma cena ridícula da USP foi aquela na qual um estudante corre para cima dos policiais e retira de dentro da bolsa um exemplar do Manifesto Comunista, expondo-o como se estivesse sendo apreendido por motivações políticas, o que não é verdade. Este saudosismo revela a inconsciente submissão, passividade e subserviência dos estudantes, o que os tornam objetos de um mecanismo alienante. Outro fato vergonhoso para toda a sociedade foi um vídeo divulgado pela Rede Record, no qual, em uma assembléia no Campus, uma estudante esbraveja a favor do uso da maconha, justificando que ela não mata. Ora, acredito veementemente que estes alunos da área de humanas necessitam urgentemente realizar estudos de campo e estágios nas periferias das grandes cidades. O uso da maconha pode não matar, mas sua comercialização – que é proibida no Brasil – fortalece ainda mais o tráfico de drogas, que mata, sim, milhares de pessoas, principalmente, adolescentes e jovens. Enquanto estes “burguesinhos” comunistas e anarquistas se drogam nos bares e Universidades, centenas de adolescentes são recrutados diariamente pelo crime organizado para que essas drogas cheguem até seu destino. Uma cruel constatação é que grande parte das biqueiras é gerenciada por jovens.
Sim, as Universidades devem ser espaços livres e democráticos, o que é garantido na Constituição Federal em seus artigos 206 e 207, mas para a divulgação do pensamento, da arte e do conhecimento, não para o desrespeito às Leis e às Instituições. As mesmas regras aplicadas no estado e municípios também devem ser respeitadas no interior das Universidades, uma vez que elas não se constituem como “vácuos” da sociedade.
Ontologicamente, o desvelar da liberdade é um caminhar que vai da dúvida à experiência. O Sujeito não conquista a liberdade individualmente, mas participa dessa experiência em comunhão com o Todo. É a intersubjetividade compromissada e livre que leva o Sujeito ao encontro do Ser-político. Algo para se aprender de toda a história da luta pela democracia é que nem sempre a minha vontade será a vontade que deverá prevalecer.
Crédito: Blog Fronteira da Esperança
sexta-feira, 16 de março de 2012
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Dizem que Finjo ou Minto
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é,
Sentir, sinta quem lê!
Clarice Lispector
"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. "
Viver em sociedade é um desafio porque às vezes ficamos presos a determinadas normas que nos obrigam a seguir regras limitadoras do nosso ser ou do nosso não-ser...
Quero dizer com isso que nós temos, no mínimo, duas personalidades: a objetiva, que todos ao nosso redor conhece; e a subjetiva... Em alguns momentos, esta se mostra tão misteriosa que se perguntarmos - Quem somos? Não saberemos dizer ao certo!!!
Agora de uma coisa eu tenho certeza: sempre devemos ser autênticos, as pessoas precisam nos aceitar pelo que somos e não pelo que parecemos ser... Aqui reside o eterno conflito da aparência x essência. E você... O que pensa disso?
Que desafio, hein?
"... Nunca sofra por não ser uma coisa ou por sê-la..."
Clarice Lispector - Perto do Coração Selvagem, p.55.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
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